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As observações fotométricas foram realizadas em Outubro de 1997, e em Julho e Agosto de 1998,
no telescópio com espelho de 60 centímetros de diâmetro localizado no OPD-LNA. A óptica deste
telescópio é do tipo Ritchey-Chrétien, e a razão focal no foco Cassegrain é f/13.5. Foi utilizada
uma câmera direta do LNA, acoplada a um detector CCD SITe SI003AB, fino e retro-iluminado
(o CCD número 101 do LNA).
Este CCD possui 1024 por 1024 ``pixels'' com dimensão de 24 micrometros cada. Como a escala de placa é
de 0.57 segundos de arco por ``pixel'', o campo total observado é de aproximadamente 10 por 10 minutos
de arco. O ganho neste CCD é de 5 elétrons por ADU, com um ruído de leitura de 5.5 elétrons.
A Tabela 3.1 exibe um resumo das observações. Nesta tabela, mostramos as galáxias observadas em
cada noite, bem como os filtros utilizados, o ``seeing'' (em segundos de arco)8 e uma estimativa aproximada da qualidade
fotométrica da noite.
Table:
Resumo das observações.
Noite |
Galáxias |
Filtros |
``Seeing'' ('') |
Qualidade Fotométrica? |
|
|
|
|
|
27/10/97 |
N1637;N7479 |
B;V;R |
1.0 |
sim |
26/07/98 |
N151 |
B;V |
1.8 |
sim |
27/07/98 |
N7496;N7531 |
B;V |
1.8 |
não |
17/08/98 |
N289 |
B;V |
1.8 |
não |
18/08/98 |
N782 |
B;V;R;I |
1.5 |
sim |
|
N7314 |
B;V |
|
|
19/08/98 |
N613 |
B;V |
1.5 |
não |
20/08/98 |
N488;N7755 |
B;V |
1.5 |
não |
|
N6769;N6923 |
B;V;R;I |
|
|
22/07/98 |
N6890 |
B;V;R;I |
- |
- |
Nota: a galáxia NGC 6890 foi observada no telescópio com espelho de
1.6 metros do OPD-LNA, com o mesmo detector por nós utilizado.
A fotometria foi realizada em bandas largas, com os filtros B, V, R e I do sistema de Cousins. Foram
realizadas 6 exposições na banda B, 5 na banda V e 3 nas bandas R e I, tipicamente. A realização de
exposições múltiplas tem o objetivo de facilitar a remoção de raios cósmicos, bem como de evitar
imagens com artifícios provocados pelo mal acompanhamento do telescópio. O tempo de
integração em cada exposição é de 300 segundos. Com o intuito de realizar a fotometria absoluta
de cada galáxia, utilizamos as estrelas-padrão publicadas em Graham (1982). Na Tabela 3.2, exibimos
as estrelas-padrão observadas em cada noite, bem como os coeficientes de calibração em cada filtro,
para cada noite, calculados através da tarefa IMEXAMINE do IRAF.
Table:
Resumo das calibrações fotométricas.
Noite |
Estrelas |
(B) |
(V) |
(R) |
(I) |
|
|
|
|
|
|
27/10/97 |
18-N-E2 |
- |
- |
20.30 0.03 |
- |
|
34-S-E3 |
|
|
|
|
26/07/98 |
39-S-E8 |
19.56 0.06 |
19.79 0.03 |
- |
- |
|
47-V-E8 |
|
|
|
|
|
48-W-E8 |
|
|
|
|
|
18-P-E8 |
|
|
|
|
27/07/98 |
20-Q-E1 |
19.58 0.03 |
19.86 0.04 |
- |
- |
|
44-S-E1 |
|
|
|
|
17/08/98 |
39-S-E8 |
19.63 0.05 |
19.82 0.09 |
- |
- |
|
47-V-E8 |
|
|
|
|
|
48-W-E8 |
|
|
|
|
|
18-P-E8 |
|
|
|
|
18/08/98 |
39-S-E8 |
19.75 0.10 |
19.96 0.08 |
20.06 0.03 |
19.59 0.03 |
|
47-V-E8 |
|
|
|
|
|
48-W-E8 |
|
|
|
|
|
18-P-E8 |
|
|
|
|
19/08/98 |
20-Q-E1 |
19.41 0.13 |
19.67 0.14 |
- |
- |
|
35-R-E1 |
|
|
|
|
|
44-S-E1 |
|
|
|
|
20/08/98 |
39-S-E8 |
19.76 0.03 |
19.89 0.05 |
20.02 0.03 |
19.55 0.03 |
|
47-V-E8 |
|
|
|
|
|
48-W-E8 |
|
|
|
|
|
18-P-E8 |
|
|
|
|
22/07/98 |
98-E6 |
22.60 0.25 |
22.61 0.27 |
22.41 0.37 |
22.30 0.42 |
|
27-R-E9 |
|
|
|
|
Notas: infelizmente, na noite de 27/10/97 não foi possível realizar a observação
de estrelas-padrão. Dessa forma, foi utilizada a constante de calibração da noite anterior. O erro
apresentado para cada constante de calibração da noite corresponde ao desvio padrão nas constantes
determinadas para cada estrela.
Os coeficientes de calibração para cada estrela-padrão,
, foram calculados através da seguinte
relação:
 |
(36) |
onde
é a magnitude da estrela fornecida por Graham (1982),
é o coeficiente
de extinção atmosférica e
é a massa de ar (ver seção 2.1).
é definido por:
 |
(37) |
com
sendo igual ao fluxo de energia irradiada (em ADU's) pela estrela em uma abertura igual
à largura a meia altura de seu perfil Gaussiano, e
sendo o tempo de exposição (ver seção 2.1). Os
coeficientes
para os filtros B, V, R e I, são, respectivamente, 0.28, 0.16, 0.12 e 0.08,
correspondendo aos valores de inverno determinados pela equipe técnica do LNA. Para cada noite, foi
determinado um coeficiente de calibração médio, através daqueles calculados para cada estrela-padrão
individualmente. O erro no coeficiente de calibração foi tomado como sendo o desvio padrão nos
coeficientes determinados para cada estrela.
Para determinar o coeficiente de calibração para cada galáxia, já transformando os valores em
magnitudes para brilho superficial, utilizamos a seguinte relação:
 |
(38) |
onde
é a dimensão do ``pixel'' em segundos de arco, e
é a
absorção em magnitudes provocada pela extinção Galáctica (ver seção 2.3.1).
foi extraído
dos mapas de Schlegel, Finkbeiner & Davis (1998), e o valor de
nos filtros B, V, R e I, é,
respectivamente, 4.1, 3.1, 2.3 e 1.5 (ver Binney & Merrifield 1998).
Os CCD's são detectores que se caracterizam pela alta eficiência quântica, baixo ruído e alta
sensibilidade. No entanto, certos procedimentos devem ser realizados no tratamento das imagens obtidas
em CCD's. Esses procedimentos podem ser resumidos como se segue.
O ``bias'' é um mecanismo artificial, de origem eletrônica,
que aumenta a eficiência da transferência de carga nos CCD's. Como o seu valor varia ligeiramente
de ``pixel'' para ``pixel'', se obtém uma imagem de ``bias'' em uma exposição com tempo de
integração igual a 1 segundo, e com o obturador fechado. Para melhorar a determinação da imagem de
``bias'', obtivemos 25 imagens em cada noite. Essas imagens foram combinadas, utilizando o valor
médio em cada ``pixel'', através da tarefa ZEROCOMBINE do IRAF. A imagem final de
``bias'' deve ser subtraída de cada imagem a ser analisada.
Este é um sinal causado por elétrons térmicos e,
portanto, proporcional ao tempo de integração. No nosso caso, este sinal pode ser desprezado.
Trata-se de um mapeamento corretivo da variação da
sensibilidade ao longo do CCD em exposições com fontes de luz uniformes. Normalmente, utiliza-se,
como fonte de luz uniforme, regiões claras do céu ao nascer ou pôr do Sol, ou ainda, exposições
tomadas na cúpula, iluminada com luz difusa. Obtivemos 25 imagens de ``flatfield'' por noite para
cada filtro e, utilizando a tarefa FLATCOMBINE do IRAF, essas imagens foram combinadas,
utilizando o valor médio em cada ``pixel'', normalizado pelo valor modal de cada imagem,
para obter imagens finais de ``flatfield''. É
necessário obter imagens de ``flatfield'' para cada filtro, pois a variação na sensibilidade do
CCD é dependente da distribuição espectral da luz incidente. As imagens a serem analisadas devem
ser divididas pela imagem de ``flatfield'' correspondente.
CCD's podem possuir alguns ``pixels'' ``quentes'', i.e., que saturam
rapidamente. Estes podem ser eliminados por processos de interpolação linear, ou por mascaramento.
As imagens analisadas foram corrigidas do ``bias'' e do ``flatfield'', bem como cortadas das
regiões não úteis do CCD, e corrigidas pelo ``overscan''9,
através da tarefa CCDPROC do IRAF.
Para eliminar raios cósmicos e aumentar a razão sinal/ruído das imagens a serem analisadas,
utilizamos a tarefa IMCOMBINE do IRAF, combinando as exposições obtidas para cada galáxia,
em cada filtro separadamente, utilizando o valor mediano em cada ``pixel''. Para determinar
pequenos deslocamentos entre exposições sucessivas, cada i-magem individual foi inspecionada, para
determinar a posição de 3 estrelas de referência. Esses pequenos deslocamentos foram calculados
pela tarefa IMCENTROID do IRAF, e utilizados pela tarefa IMCOMBINE na confecção
da imagem combinada.
O passo seguinte consiste na subtração do fundo de céu. Para determinar a imagem do fundo de céu,
inicialmente editamos a imagem combinada de cada galáxia, em cada filtro, retirando a galáxia e
estrelas presentes, através da tarefa IMEDIT do IRAF. Em seguida, através da tarefa
IMSTATISTICS, determinamos o valor médio da imagem editada, bem como o seu desvio padrão.
Todos os valores que estavam fora dos limites valor médio
3
o desvio padrão, foram
substituídos pelo valor médio, através da tarefa IMREPLACE. Utilizando a tarefa
IMSURFIT, ajustamos um polinômio de Legendre de grau 2 (que corresponde a um ajuste
linear) à imagem assim obtida, o que nos fornece uma imagem sintética do fundo de céu. Da imagem
combinada de cada galáxia subtraímos a imagem sintética do fundo de céu. A imagem com o céu
subtraído foi então editada, eliminando-se os objetos que não pertencem à nossa análise, tais
como estrelas e regiões HII presentes na galáxia. Obtivemos, assim, a imagem final de cada
galáxia, em cada filtro, pronta para ser estudada.
Footnotes
- ... arco)8
- O ``seeing''
é uma deformação
na imagem, provocada pela turbulência atmosférica. Seu valor pode ser estimado como sendo a largura
a meia altura no perfil Gaussiano de uma estrela.
- ... ``overscan''9
- O ``overscan'' é uma
correção adicional ao ``bias''. Trata-se de uma região do CCD que não é exposta à luz
incidente, mesmo durante uma exposição normal. Desse modo, é análogo ao ``bias'', mas com um tempo
de exposição longo, e determinado no momento da aquisição da imagem a ser analisada.
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Dimitri Gadotti
2003-10-06