As observações fotométricas nas bandas ,
,
e
da região óptica do espectro eletromagnético
foram realizadas nos meses de Fevereiro e Maio de 1999 e Fevereiro e Março de 2000, num total de 9 noites de
observação. Essas missões observacionais foram realizadas no telescópio Kuiper, operado pelo Observatório
Steward da Universidade do Arizona. O sítio se localiza no alto do Monte Bigelow, a 2508 metros de altitude, pico da
cadeia montanhosa de Catalina, no estado do Arizona, nos Estados Unidos. O espelho deste telescópio tem um
diâmetro de 1.55 metros; a razão focal no foco Cassegrain utilizado é f/13.5. Foi realizado o imageamento direto com
o CCD retro-iluminado no. 24, que tem ganho igual a 3.5 e
ADU
e ruído de leitura igual a 8.7 e
. Este detector tem
dimensão de 2048 por 2048 ``pixels'' de 21 micrômetros cada, sendo que foram utilizados ``bins'' de 2 por 2 ``pixels''.
Assim, a escala de placa nestas observações foi de 0.29" por ``pixel'', e o campo de visão igual a aproximadamente
5' de lado. As curvas de transmissão dos filtros de cada uma das bandas são similares às de Johnson-Morgan,
para
e
, e Cousins, para
e
(ver, e.g., Fukugita, Shimasaku & Ichikawa 1995; Kitchin 1998).
A Tab. 4.2 exibe um resumo das observações no óptico. Nesta tabela, mostramos as galáxias observadas em cada noite, o ``seeing'' (em segundos de arco)22 e uma estimativa aproximada da qualidade fotométrica da noite.
Noite | Galáxias | ``Seeing'' ('') | Qualidade Fotométrica? |
17/02/99 | N2493 | 1.4 | não |
09/05/99 | N4680;N5701;N5936![]() |
1.4 | sim |
10/05/99 | N4267;N4665;N5850 | 1.3 | não |
11/05/99 | N4394;N4477;N5936![]() |
1.2 | sim |
12/05/99 | N4314;N5383 | 1.2 | sim |
01/02/00 | I0486;N3227;N4593 | 1.4 | sim |
02/02/00 | N2110 | 1.5 | sim |
03/02/00 | N2911;N4151;N4579 | 1.4 | não |
03/03/00 | N4303 | 1.3 | sim |
Foram realizadas 5 exposições nas bandas e
e 3 nas bandas
e
, tipicamente. A realização de
exposições múltiplas tem o objetivo de facilitar a remoção de raios cósmicos, bem como de evitar
imagens com artifícios provocados pelo mal acompanhamento do telescópio. O tempo de
integração em cada exposição é de 300 segundos. Com o intuito de realizar a fotometria absoluta
de cada galáxia, utilizamos as estrelas padrão publicadas em Landolt (1983). Na Tab. 4.3, exibimos
as estrelas padrão observadas em cada noite, bem como os coeficientes de calibração em cada filtro,
para cada noite, calculados através da tarefa IMEXAMINE do IRAF.23
Noite | Estrelas | ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
09/05/99 | L100-162 | 23.22![]() |
23.60![]() |
23.52![]() |
22.71![]() |
L101-324 | |||||
L102-1081 | |||||
L103-302 | |||||
11/05/99 | L106-700 | 23.14![]() |
23.56![]() |
23.51![]() |
23.14![]() |
L109-231 | |||||
L110-340 | |||||
L111-773 | |||||
12/05/99 | L104-306 | 23.16![]() |
23.60![]() |
23.53![]() |
23.07![]() |
L106-700 | |||||
L109-231 | |||||
L110-340 | |||||
L111-773 | |||||
02/02/00 | L94-251 | 22.59![]() |
23.05![]() |
22.98![]() |
22.17![]() |
L95-096 | |||||
L97-284 | |||||
L107-484 | |||||
L108-475 | |||||
03/03/00 | L98-185 | 22.63![]() |
23.02![]() |
22.96![]() |
22.14![]() |
L98-724 | |||||
L98-978 |
Os coeficientes de calibração para cada estrela padrão, , foram calculados através da seguinte
relação:
![]() |
(97) |
onde mag(Landolt) é a magnitude da estrela fornecida por Landolt (1983), é o coeficiente
de extinção atmosférica e x é a massa de ar durante a observação. A magnitude instrumental, mag(instrum.),
é definida por:
![]() |
(98) |
com sendo igual ao fluxo de energia irradiada (em ADU's) pela estrela,
e
sendo o tempo de exposição. Os
coeficientes
para os filtros
,
,
e
, são, respectivamente, 0.36, 0.23, 0.14 e 0.12,
tendo sido determinados na noite de melhor qualidade fotométrica (09/05/99). Para cada noite, foi
determinado um coeficiente de calibração médio, através daqueles calculados para cada estrela padrão
individualmente. O erro no coeficiente de calibração foi tomado como sendo o desvio padrão nos
coeficientes determinados para cada estrela. De qualquer forma, verificamos
que a variação em
não é significativa em noites distintas, o que também é indicado pela consistência
nos erros na constante de calibração em cada noite; exceto para a banda
, a variação nos erros é
insignificante de uma noite para outra. Este efeito na banda
é um resultado esperado,
já que nesta banda podem haver problemas na fotometria absoluta, devido a presença de linhas de
emissão do céu (ver adiante). Note que, como os filtros são bastante similares ao sistema padrão, não foi
preciso incluir termos de calibração fotométrica que dependem do índice de cor.
Para determinar o coeficiente de calibração para cada galáxia, já transformando os valores em magnitudes para brilho superficial, utilizamos a seguinte relação:
![]() |
(99) |
onde é a dimensão do ``pixel'' em segundos de arco.
Os CCD's são detectores que se caracterizam pela alta eficiência quântica, baixo ruído e alta sensibilidade. No entanto, certos procedimentos devem ser realizados no tratamento das imagens obtidas em CCD's. Esses procedimentos podem ser resumidos como se segue.
As imagens analisadas foram corrigidas com os procedimentos acima, bem como cortadas das regiões não úteis do CCD, e corrigidas pelo ``overscan'',24através da tarefa CCDPROC do IRAF (ver Barnes 1993; Massey 1997).
Para eliminar raios cósmicos e aumentar a razão sinal/ruído das imagens a serem analisadas, utilizamos a tarefa IMCOMBINE do IRAF, combinando as exposições obtidas para cada galáxia, em cada filtro separadamente, utilizando o valor mediano em cada ``pixel''. Para determinar pequenos deslocamentos entre exposições sucessivas, cada imagem individual foi inspecionada, para determinar a posição de 3 estrelas de referência. Esses pequenos deslocamentos foram calculados pela tarefa IMCENTROID do IRAF, e utilizados pela tarefa IMCOMBINE na confecção da imagem combinada.
O passo seguinte consistiu na subtração do fundo de céu. Para determinar a imagem do fundo de céu,
inicialmente editamos a imagem combinada de cada galáxia, em cada filtro, retirando a galáxia e
estrelas presentes, através da tarefa IMEDIT do IRAF. Em seguida, através da tarefa
IMSTATISTICS, determinamos o valor médio da imagem editada, bem como o seu desvio padrão.
Todos os valores que estavam fora dos limites valor médio 3
o desvio padrão, foram
substituídos pelo valor médio, através da tarefa IMREPLACE. Utilizando a tarefa
IMSURFIT, ajustamos um polinômio de Legendre de grau 2 (que corresponde a um ajuste
linear) à imagem assim obtida, o que nos fornece uma imagem sintética do fundo de céu. Da imagem
combinada de cada galáxia subtraímos a imagem sintética do fundo de céu.
É interessante observar que em nenhum caso foi necessário fazer uma correção não linear
para o fundo de céu. A imagem com o céu
subtraído foi então editada, eliminando-se os objetos que não pertencem à nossa análise, tais
como estrelas e regiões HII presentes na galáxia. Obtivemos, assim, a imagem final de cada
galáxia, em cada filtro, pronta para ser estudada.