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Do estudo comparativo que apresentamos na seção anterior, podemos concluir que, apesar da saturação que as
imagens do DSS apresentam na região central das galáxias, que influencia de maneira fundamental os parâmetros
que obtivemos para os perfis de brilho de bojos e discos, podemos ressaltar certas conclusões com os dados que
obtivemos.
Além do estudo comparativo, apresentamos, neste capítulo, 3 principais resultados referentes aos parâmetros
obtidos na decomposição bojo/disco. O primeiro deles (Figura 3.2) diz respeito à correlação entre as escalas
de comprimento de bojos e discos. Esta correlação foi identificada por de Jong (1996b) e por Courteau,
de Jong & Broeils (1996). Estes trabalhos utilizaram amostras de galáxias uma ordem de grandeza
maiores do que a nossa, porém constituídas basicamente por galáxias espirais de tipo tardio.
O método de decomposição utilizado nestes trabalhos foi variado. de Jong utilizou um método bi-dimensional,
enquanto Courteau e Broeils utilizaram um método uni-dimensional. Quanto ao índice de Sérsic do bojo,
de Jong utilizou um valor fixo (n = 1, 2 ou 4) que melhor se ajustava, mais um disco exponencial, enquanto
Courteau e Broeils utilizaram n = 1 ou 4 (fixo) mais um disco exponencial. De qualquer forma, é interessante
notar que conseguimos reproduzir a correlação observada, para as galáxias em nossa amostra com T = 3. Nos trabalhos
de de Jong e de Courteau, de Jong & Broeils não se faz menção a respeito de a correlação ser diferente
entre tipos morfológicos distintos. A dispersão apresentada, tanto no nosso trabalho quanto nos acima citados,
é elevada. Uma possível razão para essa elevada dispersão vem dos erros envolvidos nos métodos de
decomposição, bem como nas hipóteses assumidas. Baggett, Baggett & Anderson (1998) mostram que a diferença típica
nos ajustes realizados por diferentes autores é da ordem de 100%.
A importância dessa correlação reside no fato de que ela mostra que a formação das componentes bojo e disco em
galáxias espirais não ocorre de forma totalmente distinta e separada, como no cenário monolítico. Portanto,
esta correlação tem sido invocada para corroborar o cenário de evolução secular, no qual as formações de bojo
e disco estão vinculadas uma à outra.
O segundo resultado está apresentado na Figura 3.3 (painéis superiores). Vimos que existe uma leve tendência
de as galáxias com gradientes nulos ou positivos apresentarem bojos com uma maior concentração central
de luz, apesar de ser estatisticamente marginal. Esse resultado pode indicar que
os efeitos de evolução secular, ao transportar material do disco para o bojo,
não somente homogeneizam as populações estelares ao longo da galáxia, o que se reflete em gradientes de cor
nulos ou positivos, mas também aumentam a concentração central de massa nos bojos, o que se reflete em uma maior
concentração central de luz. Entretanto, esse resultado deve ser considerado com extremo cuidado, já que a
dispersão é bastante elevada. Por outro lado, a Figura 2.12 apresenta um resultado análogo, com dados de
PH98. Nesta figura, vemos que as galáxias que apresentam gradientes de cor nulos ou positivos também tendem a
apresentar uma maior concentração central de luz. Nesse caso, porém, a concentração central de luz se refere ao perfil
de brilho da galáxia como um todo, e não somente ao perfil do bojo separadamente.
Por fim, mostramos que as galáxias com gradientes de cor nulos ou positivos têm uma leve tendência a
apresentar bojos maiores (Figura 3.3 - painéis inferiores). Embora esse resultado
também deva ser considerado com extremo cuidado, já que a
correlação é bastante fraca, vimos que o raio efetivo do bojo é uma parâmetro que pode ser obtido com
certa confiança das imagens do DSS. Esse resultado também é compatível com o cenário de evolução secular,
já que nas galáxias em que os processos de evolução secular teriam ocorrido, ou seja, nas galáxias em que os
gradientes de cor são atenuados, os bojos devem ser mais proeminentes dentro deste cenário.
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Dimitri Gadotti
2003-10-06