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O objetivo deste estudo é o de verificar a existência de correlações que possam
indicar a ocorrência dos efeitos de evolução secular em galáxias barradas, apresentados na
seção 1.1.3. Para tanto, realizamos duas principais abordagens distintas, porém complementares.
A primeira delas consiste,
essencialmente, na determinação e análise dos gradientes de cor de uma amostra de galáxias
barradas e ordinárias. A segunda abordagem consiste na determinação e na análise dos parâmetros
característicos dos perfis de luminosidade de bojos e discos de parte de nossa amostra principal
de galáxias. Na primeira abordagem, para determinar os gradientes de cor, utilizamos dados obtidos
na literatura, enquanto que, na segunda abordagem, a decomposição bojo/disco foi realizada através
de imagens digitalizadas do DSS (``Digitized Sky Survey''), adquiridas em placas fotográficas.
Finalmente,
realizamos um estudo comparativo, com dados adquiridos por nós, em CCD (``Charge-Coupled Device''),
em missões observacionais realizadas
no Observatório do Pico dos Dias (Laboratório Nacional de Astrofísica - OPD/LNA).
Uma importante ferramenta que pode trazer pistas a
respeito dos diferentes processos evolutivos que ocorrem em galáxias é a análise de índices de cor.
Veremos na seção 2.1 como estes índices nos proporcionam informações a respeito da população
estelar e da história de formação estelar em galáxias. Uma conseqüência natural do cenário
de evolução secular é a homogeneização das populações estelares ao longo de bojo e disco, que deve
se manifestar, de maneira análoga, na homogeneização dos índices de cor ao longo da galáxia.
Para verificar este efeito, determinamos os gradientes de cor (B-V) e (U-B) para uma amostra de 257
galáxias de tipos morfológicos Sb, Sbc e Sc, barradas e ordinárias. Os gradientes foram calculados através de
métodos estatísticos robustos, utilizando dados da literatura, obtidos através de fotometria
fotoelétrica de abertura.
Neste capítulo, o objetivo é verificar,
através de técnicas de fotometria superficial, correlações que possam contribuir para corroborar, ou não,
o cenário de evolução secular em galáxias barradas. Este cenário provê mecanismos
para a formação e/ou construção de bojos em galáxias espirais3.
Uma conseqüência natural que seria esperada para as galáxias que sofreram estes efeitos de evolução
secular é a de que a componente bojo cresceria. Além disto, como conseqüência destes processos, deveríamos esperar
fortes correlações entre as dimensões de bojo e disco,
já que estas duas componentes teriam seus processos de evolução compartilhados.
Portanto, uma correlação compatível com o cenário de evolução secular seria a de que aquelas
galáxias cujas populações estelares de bojo e disco
são similares seriam também aquelas que apresentam bojos mais proeminentes.
Para verificar esta correlação, realizamos decomposições bojo/disco
para 39 galáxias, que constituem uma sub-amostra representativa de nossa amostra inicial.
O algoritmo de decomposição ajusta perfis de brilho distintos para as componentes
bojo e disco ao perfil de brilho total da galáxia, fornecendo-nos parâmetros característicos,
tais como o raio efetivo do bojo, o brilho superficial efetivo do bojo e a razão entre as luminosidades de
bojo e disco. É importante enfatizar que o algoritmo de decomposição utiliza a imagem das galáxias
e, portanto, realiza um ajuste bi-dimensional, raramente apresentado na literatura. As imagens utilizadas
nessa abordagem são do DSS.
Como os gradientes de cor foram determinados com dados
obtidos através de fotometria fotoelétrica de abertura, e a decomposição bojo/disco foi realizada em
imagens digitalizadas, adquiridas em placas fotográficas, é relevante verificar se os
resultados assim obtidos são compatíveis com aqueles obtidos através do imageamento em CCD, já que
essa é uma técnica mais moderna e refinada. Portanto, realizamos o imageamento em CCD para 14 galáxias
de nossa amostra no OPD/LNA. Com essas imagens, os gradientes de cor foram determinados, e a decomposição
bojo/disco foi realizada, da mesma maneira como foi efetuado para o restante de nossa amostra. Esses dados
nos permitiram realizar um estudo comparativo, apresentado na seção 3.5.
Finalizando esta Dissertação, o Capítulo 4 apresenta nossas conclusões finais e nossas perspectivas
futuras para este trabalho.
Footnotes
- ... espirais3
- Deixemos clara a distinção
entre os termos ``formação'' e ``construção'' de bojos. A formação do bojo pressupõe a anterior
inexistência desta componente. Por sua vez, a construção do bojo se refere ao seu crescimento e,
portanto, necessita que esta componente já exista, independentemente de qual tenha sido o seu processo
de formação.
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Dimitri Gadotti
2003-10-06